O caráter conservador do projeto neoliberal se expressa, de um lado, na naturalização do ordenamento capitalista e das desigualdades sociais a ele inerentes tidas como inevitáveis, obscurecendo a presença viva dos sujeitos coletivos e suas lutas na construção da história a favor da exaltação dos indivíduos isolados, conforme os cânones liberais; e, de outro lado, em um retrocesso histórico condensado no desmonte das conquistas sociais acumuladas, resultantes de embates históricos das classes trabalhadoras consubstanciados nos direitos sociais universais de cidadania, que têm no Estado uma mediação fundamental. Aquelas conquistas são transformadas em “ameaças ou dificuldades”, causa de “gastos sociais excedentes” que se encontrariam na raiz da crise fiscal dos Estados.